Texto Complementar sobre o impressionismo

Regata em Argenteuil (1872) de Monet


Regata em Argenteuil sob céu escuro (1874), de Monet


Cor e movimento no pincel

Observe, nestas duas obras acima, os seguintes aspectos: ausência de contornos nítidos nos barcos, casas, pessoas e árvores; evidência das pinceladas coloridas do artista; reflexo dos barcos, das casas e das árvores. Nas duas telas a paisagem é a mesma; o que difere é o ponto de onde ela é vista e a luz do dia que cada imagem reflete. Em uma delas, há sol e a água parece tranquila; na outra, temos a impressão de um dia nublado e de vento, pois as pinceladas com que o artista pintou a água sugerem agitação.



Procedimentos gerais dos impressionistas

· A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num determinado momento, pois as cores da natureza se modificam constantemente dependendo da incidência da luz do Sol.

· As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é só uma forma encontrada pelo ser humano para representar, por meio de imagens, a natureza, os objetos, os seres em geral, etc.

· As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam, e não escuras ou pretas, como os pintores as representavam até então.
· As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta. Devem ser puras e utilizadas na tela em pequenas pinceladas. É o observador que, ao apreciar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura das cores passa a ser, portanto, resultado do olhar humano e não da técnica do pintor, pois ele não as mistura em sua paleta.


Catedral de Rouen em tempo ensolarado (1894)

Catedral de Rouen em pleno sol, harmonia em azul e ouro (1893)

Catedral de Rouen em tempo nublado (1892)

A passagem da luz em Rouen

A catedral de Rouen, importante cidade da França, começou a ser erguida no final do século XII e é uma das mais belas construções góticas francesas. Observe, nas três telas ao lado, a variação das cores e da aparência da fachada da catedral. A causa dessa variação é a mudança da luz solar: Monet fez as pinturas em diferentes momentos do dia, comprovando sua idéia de que as cores da natureza e dos objetos expostos ao ar livre se modificam constantemente, dependendo da incidência da luz do Sol.





A dança das cores

Le Moulin de la Galette era um café em Montmartre, Paris, onde aos domingos se dançava ao ar livre, sob as árvores e a luz natural do jardim. Observe o grande número de pessoas que parecem mover-se felizes durante o baile. Note as pinceladas coloridas nas roupas: não se trata de manchas, mas dos diferentes modos como os tecidos refletem a luz que ilumina o local.
Os tons de azul, rosa e amarelo sugerem o movimento dos casais em sua dança.



La Grenouillière (1869), de Monet.


La Grenouillière (1869), de Renoir.

Um só tema, duas visões

La Grenouillière era o nome de um restaurante nos arredores de Paris, muito procurado aos domingos. Observe como os dois artistas pintaram um momento alegre para um grupo de pessoas. Embora semelhantes, as cenas têm diferenças, duas das quais chamam mais a atenção: a primeira é que cada pintor parece ter visto a cena de um ponto diferente; a segunda é que cada um parece tê-la visto com uma iluminação solar diferente. Nas duas, porém, notamos o mesmo aspecto do Impressionismo: é o observador que une visualmente as pinceladas coloridas e compõe o todo, percebido como um grupo se divertindo.







Leveza e movimento O Opera era o teatro mais importante de Paris,e a palavra foyer, neste caso, designa o espaço do teatro reservado ao ensaio das bailarinas. Veja como Degas compôs a cena: ao centro há espaço vazio, lembrando um círculo; ao redor dele estão o professor de dança, um músico e as bailarinas. Uma bailarina se apresenta ao professor, três fazem exercícios na barra, algumas observam a primeira, outras conversam e uma descansa, sentada. Assim, nosso olhar circula pela cena e podemos ter a impressão de que o movimento iniciado com a bailarina que se apresenta continua no círculo formado pelas outras moças, até chegar à que está sentada. Talvez seja ela a próxima a dançar e retomar o movimento que parece ter parado nela. Note a delicadeza das cores e do desenho. Degas construiu uma cena de leveza e movimento com linhas e cores suaves.
A bolsa de algodão de Nova Orleans (1873), de Degas.
















Flagrantes da vida Entre 1872 e 1873, Degas viveu na casa de seu tio materno, Michel Musson, negociante de algodão na Louisiana, nos Estados Unidos. O quadro retrata homens examinando o produto, fazendo cálculos, trocando ideias, lendo o jornal. Observe como a cena parece uma fotografia, tirada sem que os retratados percebam. Note também que a iluminação é de um ambiente fechado; não há luz solar. Veja, ainda, a importância do branco para quebrar a monotonia dos tons marrons e amarelos.


Tarde de domingo na ilha de Grande Jatte (1884-1886), de Seurat.



A construção com pontos
Observe, nessa cena, uma forma de lazer comum até hoje: passar algumas horas da tarde de domingo em um agradável parque. Os trajes e os acessórios masculinos e femininos são típicos do século XIX. Note, na ampliação ao lado, como a figura foi construída com pequenos pontos. Todos os demais elementos da tela foram pintados desse modo. O que mais chama a atenção é a forma como o artista conseguiu criar áreas de luz e sombra: os pontinhos amarelos nos dão a ideia de luz do sol; os pontinhos mais escuros nos sugerem as sombras causadas pelas copas das árvores e pelas sombrinhas das mulheres.

O circo de  Seurat (1891)




















Uma obra ousada

Essa é uma importante obra pontilhista. Além da técnica, observe a organização dos elementos da cena: em primeiro plano, vemos a cabeça e parte das costas e dos braços de um palhaço. Isso já é uma grande ousadia na pintura: apresentar, em primeiro plano, uma figura incompleta e de costas para o observador. O palhaço e a bailarina que se equilibra no cavalo ocupam a área central; à direita estão o adestrador, o malabarista, um grupo de pessoas com mesmo traje e, mais acima, a orquestra. À esquerda estão o cavalo e parte da plateia. Observe como as linhas curvas predominam à direita e existem em menor número à esquerda, o que dá a impressão de que o movimento vem da direita para a esquerda e descreve um círculo, pois segue a linha do picadeiro.


A boia vermelha de Signac (1895)




















Reflexos por meio de pontos

Observem nessa obra principalmente os pequenos pontos coloridos que, colocados lado a lado, formam todo os elementos representados: o céu, as casas, as embarcações, a água, a boia e o reflexo de tudo isso na água.

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