Texto complementar - A arte românica


O Império Romano é dividido
Em 395, o Imperador Teodósio dividiu o imenso território ameaçado em duas partes: Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente. O Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, sofreu sucessivas ondas de invasões até cair em poder dos bárbaros no ano de 476. Já o Império Romano do Oriente, apesar das contínuas crises políticas, conseguiu manter sua unidade até 1453, quando os turcos tomaram sua capital, Constantinopla. O ano de 476, com a tomada de Roma, marca o fim do período histórico conhecido como Idade Antiga e o início de outro período histórico, conhecido como Idade Média.

A arte no Império Carolíngio
Com a coroação de Carlos Magno pelo Papa Leão III, no ano de 800, teve início um intenso desenvolvimento cultural. Em sua corte criou-se uma academia literária e desenvolveram-se oficinas onde eram produzidos objetos de arte e manuscritos ilustrados. Naquela época, os textos religiosos eram escritos à mão; ilustrá-los era tarefa para artistas que dominassem a pintura e o desenho sobre espaços reduzidos.

As oficinas ligadas ao palácio foram os principais centros de arte. Sabe-se que delas se originaram as oficinas monásticas, isto é, dos mosteiros, que teriam importante papel na evolução da arte após o reinado de Carlos Magno. Como, após sua morte, a corte deixou de ser o centro cultural do Império, a atividade intelectual centralizou-se nos mosteiros. Neles, a ilustração de manuscritos era a atividade artística mais importante, mas havia interesse também pela arquitetura, escultura, pintura, ourivesaria, cerâmica, fundição de sinos, encadernação e fabricação de vidros. Essas oficinas eram também as escolas de arte da época. Ali os jovens artistas preparavam-se para trabalhar nas catedrais e nas casas das famílias importantes.


Dois tipos de abóbadas das igrejas românicas
A abóbada de berço consistia num semicírculo - o arco pleno - ampliado lateralmente pelas paredes. Apresentava, entretanto, duas desvantagens: o excesso de peso da pedra, que podia provocar sérios desabamentos, e a pouca luminosidade no interior das construções em virtude das janelas estreitas. A abertura de grandes vãos para janelas era impraticável, pois poderia enfraquecer as paredes e, portanto, aumentar o risco de desabamento.

A abóbada de arestas consistia na intersecção, em ângulo reto, de duas abóbadas de berço apoiadas sobre pilares. Com isso, distribuía-se melhor o peso das pedras para evitar desabamentos, criava-se um ambiente que dava a impressão de leveza e iluminava-se mais o interior das construções.

Embora diferentes, os dois tipos de abóbada causam o mesmo efeito: uma sensação de solidez e repouso, dada pelas linhas semicirculares e pelos grossos pilares.


No caminho de Santiago
Como poucas pessoas, naquela época, sabiam 1er, a Igreja recorria à pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas e transmitir valores religiosos.
Um lugar muito usado para isso eram os portais, na entrada dos templos. No portal, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano, a parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão superior da porta.

A abadia de Saint-Pierre, em Moissac, possui um dos mais bonitos portais românicos. No grande tímpano, com diâmetro de 5,68 metros, há um conjunto de figuras representando Cristo em majestade, coroado e sentado num trono. Com a mão esquerda ele segura o livro da palavra de Deus; com a direita, faz o gesto de abençoar. Próximos a ele estão os evangelistas, representados por um anjo, um touro, uma águia e um leão. Como o tímpano é muito grande, foi colocada uma pilastra central, chamada tremó, que divide a abertura da porta em duas partes iguais. Essa pilastra também é decorada com esculturas que representam leões e uma pessoa descalça, identificada como o profeta Jeremias.

A beleza das esculturas de Saint-Pierre pode ser vista também nos capitéis das colunas que cercam o claustro do convento, decorados com folhagens, animais e personagens da Bíblia, que, segundo a tradição religiosa, devem auxiliar os passantes a meditar sobre o sentido da própria vida.



A catedral de Pisa
Na Idade Média, os construtores italianos erguiam a igreja, o campanário e  batistério como edifícios separados. A planta da catedral, cuja construção foi iniciada em 1063, tem a forma de cruz, com uma cúpula sobre o encontro dos braços. A fachada principal lembra a forma de um frontão, característica dos templos gregos. No conjunto de Pisa, o edifício mais conhecido é o campanário, que começou a ser construído em 1174. Trata-se da famosa Torre de Pisa, que se inclinou porque, com o passar do tempo, o terreno sob ela cedeu.
O elemento mais interessante dessa construção é a superposição de delgadas colunas de mármore, que formam arcadas ao redor de todos os andares do edifício.


A pintura "a fresco"
O termo "afresco" designa uma difícil e antiga técnica de pintura sobre paredes úmidas. Daí seu nome. A preparação inicial da parede é muito importante: sobre sua superfície é aplicada uma camada de cal que, por sua vez, é coberta com uma camada de gesso fina e bem lisa. Sobre essa última camada, o pintor executa sua obra: primeiro o desenho com carvão; depois a aplicação das cores.

Ele deve trabalhar com a argamassa ainda úmida, pois, com a evaporação da água, a cor adere ao gesso e o gás carbônico do ar combina-se com a cal e a transforma em carbonato de cálcio, completando a adesão do pigmento à parede. O pintor precisava, portanto, realizar a obra com firmeza - pois correções eram praticamente impossíveis - e rapidez - pois o gesso seca rapidamente.

Um exemplo de deformação
Este afresco, pintado na abside da igreja de San Clemente de Tahull, na Catalunha, Espanha, é um bom exemplo da pintura românica. Tem no centro a figura de Jesus Cristo, cercado de anjos e dos símbolos dos evangelistas. Observe os olhos e as proporções exageradas da figura de Cristo.
Abside: Cabeceira do templo, onde fica o altar-mor; oratório reservado, por detrás do altar-mor.







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