O QUE É A ARTE?


O QUE É A ARTE?

Poderíamos definir a palavra arte como “manifestação da atividade humana por meio da qual se expressa uma visão pessoal e desinteressada que interpreta o real ou o imaginário com recursos plásticos, linguísticos ou sonoros". Contudo, essa definição não esclarece em que uma obra de arte se diferencia de uma obra que não o é, e se esse significado é válido para todos os tempos.


ARTE E ESTÉTICA

A concepção que as pessoas têm da arte mudou, muda e mudará de acordo com o momento histórico e a sociedade. De fato, os primeiros artistas, os pintores rupestres, não tinham noção de que estavam realizando uma obra de arte, embora o sentido que eles conferiam a essas imagens estava relacionado com a magia ou com a religião, desconhecemos se também com a estética. Atualmente, contudo, consideramos que uma obra de arte, independentemente de expressar ou não um significado ou sentimento e do modo como o faça, tem de produzir uma reação estética no espectador (seja de prazer ou repulsa) e tem de ser criativa, isto é, deve mostrar formas de expressão originais.

Contudo, o conceito de estética também é mutável, e muitas vezes o aplicamos com diferentes significados. Afirmamos que algo é estético quando na realidade queremos dizer que é bonito, elegante ou agradável, e nos referimos à estética de um artista, de um movimento ou de um estilo quando falamos de suas características essenciais, que o distinguem.

A FUNÇÃO DA ARTE E A ARTE COMO NECESSIDADE

Embora hoje em dia o valor estético desempenhe papel muito importante, as pessoas continuam sentindo a necessidade de expressar-se e comunicar-se por meio da arte - e esta continua sendo um reflexo da sociedade que a gera, cumprindo simultaneamente a função de transmitir os valores dessa sociedade. De fato, desde sempre, a arte foi reflexo vivo da sociedade circundante; os historiadores e outros especialistas puderam conhecer muitos aspectos dos povos e das culturas que nos precederam por meio do estudo da obra de arte, de sua estética e daquilo que nela se expressa.

O ARTISTA

Não se pode compreender a obra de arte sem o artista que a criou. Apesar disso, assim como o conceito de arte mudou ao longo da história, o mesmo aconteceu com o de artista, que deixou de ser considerado simples artesão e passou a ser admirado como gênio criativo, capaz de gerar obras únicas. Embora na época clássica da Grécia e da Roma antigas tenha tido reconhecimento social e, em alguns casos, tenha chegado a assinar suas obras, é somente no Renascimento, com a exaltação que se fez do ser humano, que o artista abandona definitivamente o anonimato. É nessa época também que se forja o conceito de gênio, aplicado a alguém com capacidade extraordinária ou fora do normal para criar e inventar coisas ou objetos admiráveis - é quando a figura do mecenas (ou protetor) se consolida.

AS DISCIPLINAS ARTÍSTICAS

As principais disciplinas artísticas são a arquitetura, a pintura e a escultura; entretanto, existem outras artes, tradicionalmente denominadas menores, que, pelo valor expressivo e pela evolução técnica e formal, não deveriam ser assim consideradas: referimo-nos à ourivesaria, à cerâmica, ao mosaico ou aos vitrais. Há ainda, por causa da tradição histórica, duas disciplinas que não são incluídas normalmente nos manuais de arte (como neste) porque só apareceram bem mais tarde, no final do século XIX: a fotografia e o cinema.

A arquitetura. A arte de projetar e construir espaços habitáveis remonta à pré-história. A arquitetura monumental mais antiga de que se tem conhecimento são os megálitos. Desde então e até hoje, os arquitetos, com os materiais naturais e artificiais ao alcance, não pararam de renovar, inovar e experimentar todas as formas.

A pintura. É dela que se conservam vestígios mais antigos. Estreitamente relacionada com o suporte onde é aplicada, existem inumeráveis técnicas e tipos de pigmentos que permitiram sua evolução formal e estilística. Em muitas ocasiões, a pintura esteve subordinada à arquitetura, mas também em muitos momentos da história soube tornar-se independente e constituir uma forma de expressão em si mesma. A tendência transgressora que caracteriza os artistas do século XX levou os pintores a criar composições em que integram materiais alheios à pintura, como palha, papelão ou tecidos.

A escultura. Esta arte foi uma das mais cultivadas ao longo da história. Como a pintura, passou por etapas em que esteve totalmente subordinada à arquitetura, mas existem também múltiplos exemplos de escultura livre e magníficos relevos e retratos. Desde o início, empregou materiais que tinha ao alcance e, nas últimas décadas, aproveitou inclusive resíduos e materiais efêmeros, misturando-os e manuseando as diferentes texturas.

AS ARTES MENORES

Essas artes infelizmente têm sido chamadas de menores por estarem subordinadas às outras grandes ou por serem obras que tradicionalmente foram realizadas por artesãos, e não por artistas. As mais importantes são a cerâmica - uma das manifestações mais antigas, utilizada tanto para objetos de uso cotidiano como para peças de caráter cerimonial ou litúrgico -, a ourivesaria - que utiliza pedras, metais preciosos e semipreciosos e que, com grande habilidade técnica e criativa, soube desenvolver procedimentos como a filigrana, o esmalte ou adamascado -, o mosaico - que teve como momento culminante a época clássica e depois o modernismo -, e o vitral - estreitamente vinculado à arquitetura, principalmente nos períodos românico e gótico e, mais adiante, também no modernismo (hoje em dia, passa por um momento de inovação, tanto técnica como formal, procurando formas nativas desligadas da arquitetura).

A fotografia. Desde sua recente invenção até a atualidade, demonstrou ser uma arte em contínua evolução. Entre os fotógrafos que levaram essa arte aos mais altos níveis de expressão, cumpre mencionar Man Ray, que também praticou a arte da pintura e esteve ligado aos movimentos vanguardistas históricos; Henri Cartier-Bresson e Robert Capa, fundadores da agência Magnum, que captaram e documentaram com a câmera os grandes momentos e as realidades da história e da sociedade contemporâneas; Ansel Adams, que criou toda a gama de gradações cinza possível, graças a seu sistema de zonas, ou Edward Weston, mestre e referência na técnica de plasmar o volume das forças da natureza.

O cinema. A evolução tecnológica protagonizada pelo cinema foi vertiginosa: desde os primeiros filmes de curta-metragem em preto-e-branco até as grandes produções norte-americanas, nas quais os efeitos especiais desempenham papel determinante. Os grandes pioneiros na criação de uma linguagem propriamente cinematográfica foram, fundamentalmente, David Wark Griffith e Sergei Eisenstein. Mais adiante, com o cinema expressionista, vieram nomes como Friedrich Wilhelm Murnau, Cari Theodor Dreyer e Fritz Lang, e mais tarde, com o neo-realismo italiano (Rossellini, Visconti, De Sica), a arte cinematográfica inseriu-se plenamente na vanguarda. A época dourada do cinema viveu as grandes realizações de John Ford, Alfred Hitchcock, Billy Wilder, Frank Capra e Ernst Lubitsch, entre outros, que criaram e cultivaram gêneros como os filmes de ação, a comédia e o faroeste. Mais tarde, na França, os integrantes da Nouvelle Vague incorporaram as histórias cotidianas e o naturalismo em suas realizações. Já em nossos dias, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese ou Steven Spielberg continuam contribuindo com grandes títulos para a sétima arte.

OS MATERIAIS E AS TÉCNICAS

Os materiais, as técnicas e os instrumentos usados são aspectos imprescindíveis no processo de criação de uma obra de arte. Ao longo do tempo, os avanços tecnológicos permitiram a fabricação de materiais e utensílios cada vez mais sofisticados, e as técnicas evoluíram no mesmo ritmo das descobertas. A Revolução Industrial assinala uma mudança transcendental na concepção que se tinha até o então dos materiais, em sua maioria naturais ou manufaturados. A partir desse momento, abre-se amplo leque de possibilidades plásticas e técnicas, dando origem a novas estéticas baseadas em formas, cores e texturas diferentes.

A ARQUITETURA

Os materiais usados na arquitetura variam de acordo com a época e com a geografia. Na Antiguidade, empregavam-se principalmente a pedra, o adobe, cozido ou não, e a madeira. A partir da Revolução Industrial, tornam-se conhecidas as possibilidades construtivas do ferro, do aço e do vidro em grande escala e são aplicados novos materiais, como o concreto armado ou o plástico, que transformam os sistemas da construção, agilizando-os e barateando-os. Sem falar na utilização de maquinaria específica, cada vez mais complexa.

Muralhas de Arg-é Bam, no Irã, construídas com adobe, um dos materiais de construção mais empregados na Antiguidade.

Hoje em dia, constroem-se grandes estruturas de vidro, de ferro e de concreto armado, Acima, Centro da Bolsa (México, D.F.).

A PINTURA

As diferentes técnicas de pintura foram desenvolvidas com base no suporte concreto: o muro, a madeira, a tela, o papel... O suporte, por sua vez, influiu na composição da pintura e em sua textura. Antigamente, o pintor fabricava as próprias cores com pigmentos naturais. Hoje em dia, o comércio especializado oferece múltiplos produtos para todas as necessidades: assim, ganhou-se em diversidade cromática, textura e plasticidade. As cores são aplicadas sobre o suporte, previamente preparado com uma camada de gesso, de cor ou de outro material, com a ajuda de pincéis ou espátulas. Existem diferentes tipos de pincel, variando a espessura e o material com que são fabricadas as fibras. A espátula pode ser usada para misturar as cores na paleta ou para esparramá-las sobre o suporte.

Na atualidade, os pintores podem escolher, entre ampla gama de pincéis, aquele que se adapte melhor a seus propósitos.

Os pigmentos naturais permitem ao pintor criar sua própria paleta cromática.

O AGLUTINANTE

As técnicas pictóricas dependem do aglutinante utilizado para ligar e fixar os pigmentos ao suporte. Os aglutinantes determinam o brilho e a luminosidade da cor. No afresco, o aglutinante é a cal; na têmpera, o ovo, a caseína ou a cola; e na pintura a óleo, o azeite.

A cor da pintura depende em grande parte do aglutinante utilizado. Na fotografia acima, diferentes tipos de aglutinante para pintura a óleo.

A ESCULTURA

Na escultura, assim como na arquitetura, os materiais empregados dependem da região geográfica e do momento histórico. Os mais comuns são o mármore, a argila, a madeira, o bronze e o ferro, embora nas últimas décadas todo o tipo de matéria, desde o isopor até o tubo de néon, seja experimentado. As técnicas empregadas tradicionalmente pelos escultores são o entalhe, o modelado e o vazado. Na primeira, o artista cria a forma cortando e extraindo o material restante até obter o efeito desejado. Na segunda, diferentemente da primeira, são empregadas substâncias macias e flexíveis, podendo o escultor adicionar ou eliminar matéria a seu gosto. O vazado aplica-se ao metal. Existem dois métodos básicos: a cera perdida e a areia.

Como a pedra é um material duro, o artista deve lapidá-la até obter a forma desejada. Na fotografia, escultor trabalhando em seu ateliê.

A CERÂMICA

O processo de elaboração da cerâmica não variou excessivamente ao longo do tempo. Em linhas gerais, mistura-se a argila com água e molda-se com as mãos ou com 0 torno; seca-se e impermeabiliza-se por meio de polimento, de revestimento de vidro ou de esmalte e finalmente cozinha-se. A decoração pode ser realizada antes ou depois do cozimento, por meio de incisão, estampa, perfuração ou barbotina. Por isso, a superfície pode receber diferentes acabamentos.

O uso do torno na cerâmica trouxe qualidade e beleza às peças, além de permitir 0 desenvolvimento de muitos tipos e formas de vasos. Na ilustração, um ceramista molda a argila com a ajuda de um torno.

Algumas curiosidades

Durante a Idade Média, na Europa, poucos sabiam ler; por isso, a escultura constituía uma forma de contar, por meio de imagens, o conteúdo e o significado da religião.

Ao longo dos tempos, inclusive depois da morte, tanto o poder como a riqueza eram ostentados com obras artísticas.

No terceiro quarto do século XIX, desenvolveu-se um novo estilo pictórico, o impressionismo. Os pintores impressionistas romperam com a tradição figurativa e concentraram-se especialmente no estudo da luz e da incidência dela nas formas e nas cores.

Um dos artistas que exemplificam melhor o conceito de gênio é Pablo Picasso. Este pintor, escultor, ceramista do século XX foi capaz de criar novas linguagens artísticas que revolucionaram as artes plásticas e lançaram as bases de uma estética plenamente contemporânea.

Os vitrais, como meio de expressão artística, cumprem tanto uma função prática como estética.

A fotografia, apesar de sua curta história, desenvolveu uma linguagem própria e criativa. Exemplo disso é a obra do fotógrafo vanguardista Man Ray.

Um dos grandes pioneiros da sétima arte foi o norte- americano David Wark Griffith, cujos filmes revelam linguagem estritamente cinematográfica, e a montagem desempenha papel preponderante.











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