O Lobo e o Cordeiro
Estava
o cordeiro a beber água num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado, de
horrendo aspecto.
─
Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? ─ disse o monstro, arreganhando os dentes. ─ Espere que vou castigar tamanha má-criação!...
O
cordeirinho, trêmulo de medo, respondeu com inocência:
─
Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor para
mim?
Era
verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta, mas não deu o rabo a
torcer.
─
Além disso ─ inventou ele ─ sei que você andou falando mal de mim no ano
passado.
─
Como poderia falar mal do senhor o ano passado, se nasci este ano?
Novamente
confundido pela voz da inocência, o lobo insistiu:
─
Se não foi você foi seu irmão mais velho, o que dá no mesmo.
─
Como poderia ser seu irmão mais velho, se sou filho único?
O
lobo, furioso, vendo que com razões claras não venceria o pobrezinho, veio com
razão de lobo faminto:
─
Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô!
E
─ nhoque ─ sangrou-o no pescoço.
Moral da história: Contra a
força não há argumentos.
Monteiro Lobato
Perguntas:
1. Qual a real intenção do lobo?
2. Como reage o cordeirinho diante das calúnias do lobo?
3. Quais as armas do lobo para se sair vitorioso?
4. O texto que você acabou de ler é?
5. Quais são os personagens do texto?
6. Como o autor caracteriza o lobo?
7. Como o autor caracteriza o cordeiro?
8. O lobo e o cordeiro foram ao
mesmo córrego, com que finalidade cada um?
9. Explique, com suas palavras, a moral da história.
10. Interprete o provérbio da fábula e escreva pelo menos duas outras
frases que poderiam substituí-lo.
11. Se, de acordo com o ponto de vista do lobo, o forte sempre vence,
pois o mundo é dos espertos, como seria a história contada do ponto de vista do
cordeiro?
12. Reescreva a história, criando outro ponto de vista. Como o cordeiro
poderia ganhar do lobo? Elabore então uma situação, um diálogo e a linha moral
do final, pensando na perspectiva do cordeiro.